por LUZANTONIS

Espaços que geram palavras...

Sunday, May 29, 2011

Um intervalo em Munique

Veja mais fotos no álbum em :

https://picasaweb.google.com/luzantonis/Harras?authkey=Gv1sRgCMuCiMHA5KODeg#




Em Munique, o Harras não pode ser propriamente chamado de uma praça. É o espaço de entroncamento de ruas entre as zonas sul, oeste e o centro da cidade. Diversas linhas de ônibus têm ali o seu ponto final, precisamente integradas com a estação de metrô logo abaixo (linha U6) e as linhas de trens suburbanos. Em volta, pequenos edifícios comerciais, o supermercado Edeka, o Macdonald’s, uma agencia dos correios. Um lugar de passagem , rápido intervalo na tessitura urbana.

No curto tempo ente o metrô e o próximo ônibus observo as fachadas dos edifícios em volta do Harras. Conservam-se ali algumas dos tempos em que o local ainda era uma estação de bondes , hoje substituídos pelos ônibus. Sua discreta decoração expressa uma sintonia com o Art Nouveu, seja através de delicados relevos com formas vegetais, ou até mesmo de uma quimera ( um dragão?). Esta certamente faz menção ao Atelier Elvira, marco do Jugendstil alemão na cidade, destruído na 2ª Grande Guerra. Também podem ser vistos motivos de uma típica identidade bávara: as risonhas moças acima dos beirais das janelas.

Um vídeo no Harras:

http://wn.com/Abendliche_Hektik_am_Harras_M%C3%BCnchen

Sobre o Atelier Elvira:

http://www.johncoulthart.com/feuilleton/2008/04/05/atelier-elvira/

http://en.wikipedia.org/wiki/Hofatelier_Elvira

http://www.bildindex.de/?+pgesamt:%27Atelier%27%20+pgesamt:%27Elvira%27#0

Jugendstil:

http://en.wikipedia.org/wiki/Art_Nouveau


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Saturday, May 21, 2011

A catedral intangível




Veja o álbum com mais fotos em :

https://picasaweb.google.com/luzantonis/ACatedralIntangivel?authkey=Gv1sRgCNSN1MPq2OTKDg#


Colônia, fevereiro de 2011. Fotografar a Catedral munido de uma Canon Powershot é um desafio que pode tornar-se frustrante quando vislumbramos a imensidão deste monumento. Mas esta deve ser uma tarefa difícil para qualquer fotógrafo, mesma com uma câmera cheia de recursos. Percebo então as “modestas” dimensões da cidade diante da escala desta montanha gótica. A linha vertical almeja aqui o infinito, assumindo o verdadeiro sentido da elevação religiosa.

Afasto-me mais e mais, na tentativa de enquadrar por completo o edifício. Observo que as ruas ao seu redor são caminhos um tanto apertados para uma cidade alemã, o que no fim de inverno reforça a sensação de melancolia. Onde está o sol? Volto-me e vejo que ele faz falta sobre a massa escura de pedra dos campanários.

Retorno e passeio em volta do edifício, praça/esplanada é o espaço para apresentações de rua e obviamente muitos, muitos turistas. Próximos estão o Museu Ludwig, a Sala Filarmônica e o Museu Romano. Me lembro da história da construção, interrompida no século XVI e retomada com a vinda das “relíquias dos reis magos”( o relicário encontra-se hoje exposto no subsolo com os tesouros da igreja). As obras de completamento e iriam tornar-se a maior ação de patrimônio do século XIX e foram concluídas 1880. O edifício conseguiu resistir à destruição da Segunda Guerra Mundial. Observo ainda através das imensas janelas do subsolo o ateliê de conservação da arquitetura, em uma escala proporcional à dimensão do monumento.

Caminho então pelo interior do templo, um espaço verdadeiramente público, praticamente uma extensão da esplanada entre a estação de trem e o metrô. Aqui o tempo da cidade também não para. A luz dos vitrais é o silêncio. Dentre eles me chama a atenção aquele de uma janela no transepto, tão simples em sua geometria (apenas um quadriculado colorido) que se torna uma ousadia no espaço sagrado. Mais tarde iria descobrir pelo Gerard que se trata de uma obra de Gerhard Richter,  ofercido por doação, e que causou certa polêmica na época de sua execução. O vitral foi duramente criticado pelo arcebispo Joachim Kardinal Meisner, que  o considerou mais adequado para uma mesquita do que para uma catedral.

Página da Catedral de Colônia:

http://www.koelner-dom.de/

Página de Gehard Richter:

http://www.gerhard-richter.com/

Saturday, May 14, 2011

Ruínas e arte em Colônia



Veja o álbum com mais  fotos em

https://picasaweb.google.com/luzantonis/KolumbaMuseum?authkey=Gv1sRgCIzCtJL03OGfbg&feat=email#



O Museu Kolumba é uma interessante combinação de arquitetura, Patrimônio e artes plásticas. Localizado no centro histórico de Colônia, o edifício projetado pelo arquiteto suíço Peter Zumthor foi construído e de 2003 a 2007 sobre as ruínas da igreja românica de Santa Kolumba , destruída durante a Segunda Guerra Mundial. Zumthor foi agraciado em 2009 com o Prêmio Pritzker de arquitetura. O museu abriga a preciosa coleção de artes plásticas da Arquidiocese da cidade.
No nível térreo percorremos as escavações da igreja deixadas à mostra sobre uma extensa passarela de madeira. Delgados pilotis de concreto proporcionam cobertura à ruínas, dramaticamente iluminadas e protegidas do exterior por paredes de alvenaria vazada por cobogós. Eles nos trazem o frio intenso de fevereiro e com ele o silencio de um passado ainda presente nos restos arquitetônicos do templo.
Subimos uma estreita e longa escadaria ao encontro de sua arquitetura neutra, mas com personalidade bastante para definir espaços claros,que possibilitam um contato com as obras de arte em um verdadeiro ato de meditação.
Quando percorremos as salas propositalmente vazias, a cor bege claro argamassada se funde em todos os planos - parede teto e piso. O contraste se dá apenas entra as peças da coleção do museu diocesano, estrategicamente posicionadas ( e contrapostas). Deparamos-nos, por exemplo, com uma pequena pintura a óleo do início do século XIX frente a frente com uma escultura moderna em concreto na parede oposta. Entre as duas obras apenas o vasto espaço iluminado por grandes planos de vidro e aço. A arquitetura passa a fluir como o elemento catalisador do contraste entre as obras , que vão desde retábulos barrocos a instalações contemporâneas. Os altura do pé-direito muda nos diversos ambientes, contribuindo para o processo de apreciação das obras de arte.
Externamente a construção se expressa através de planos e volumes sóbrios, marcados pela leve textura dos cobogós, valorizando e também permitindo apreciar do lado de fora excertos das ruínas históricas incorporados à sua superfície.


Mais sobre museu em:




Sobre Peter Zumthor: