Biblioteca Municipal de Stuttgart: Hermetismo e Abertura
Alemanha. Estado de Baden Wurttenberg. Cidade: Stuttgart, a
capital, situada a 632 km de Berlim. Não
muito longe da estação central, na praça Mailänder, avista-se o prédio da nova Biblioteca
Municipal, a Stadtbibliothek, que impressiona pela extrema simplicidade de seu volume cúbico, marcado apenas pelo rigoroso
ritmo das aberturas, pequenos balcões emoldurados por tijolos de vidro. As aparentes
simplicidade e dureza da fachada, teria sido esta inclusive comparada a um
complexo prisional, escondem uma espacialidade interna surpreendente e, à
noite, iluminado, o conjunto revela uma
nova dimensão.
Já na entrada se pode aprender a experiência a que o espaço da biblioteca se propõe. A
aparente frieza dos materiais, com paredes e piso brancos, o mobiliário e
estantes de linhas retas especialmente
projetado, pretende ser o pano de fundo para os verdadeiros protagonistas, os livros, os únicos elementos
que proporcionam as intensas notas de cor
ao espaço.
Um eixo central define a distribuição espacial dos oito
pavimentos de acesso do público. No
térreo, um prisma central monumental com pequenas aberturas e uma pequena
fonte, um ponto de água de 60 por 60
centímetros no piso, articula os espaços
de acesso inicial do público, onde estão localizados os serviços de informações
gerais, áreas para a leitura dos jornais diários oferecidos e os pontos
automáticos de devolução de empréstimos de livros e cds, além das circulações
verticais. Apesar de sua altura, que
abrange os primeiros quatro pavimentos, o prisma não revela o espaço central
interno localizado logo acima.
O grande espaço central interno articula os quatro
pavimentos superiores ao prisma ou Herz
(coração), que em torno deste e se desenvolvem. Os espaços de leitura se
mesclam com as estantes e as circulações. Em todos os andares existem também
salas de estudo individuais e coletivas. Todos os espaços tem se abrem para os
balcões, de onde se pode apreciar diversas vistas da cidade. É quando se pode
então apreender a experiência espacial , que inversamente induz o movimento de
dentro para fora do edifício.
As escadas desempenham especial papel na circulação
vertical, facilitando o acesso às coleções que foram distribuídas por temas
elos andares: 1o, Música, 2o , Infantil, 3o, Vida, 4o, Conhecimento, 5o,
Mundo,6o, Literatura e 8o, Arte. No 7o andar foram instaladas a Administração
e a Direção. A áreas dos pavimentos em
torno do espaço central diminui a medida que se sobe, proporcionando a
percepção simultânea de todos pavimentos. A visão das escadas lembra as gravuras do
holandês Escher (1898 - 1972), com o sobe
e desce intercalado ligando os diversos planos. Esta distribuição facilita o escape. Três elevadores dão ainda suporte ao
transporte vertical. Entretanto, percebe-se que forma subdimensionados para o intenso fluxo de público. Ainda existem
dois pavimentos de subsolo.
A acessibilidade é total em todas as áreas públicas. Existe
um acesso em cada um dos quatro lados do edifício de 44 X 44 m, sem controle específico de
entrada e saída de pessoas. O sistema de empréstimo possui com pontos
automatizados de devolução diretamente ligado a um sistema de esteiras rolantes
que transporta os volumes até os pavimentos.
No programa também funciona a Bibliothek für Schlaflose (biblioteca para insones), totalmente informatizada, que funciona 24 horas para empréstimo de livros e cds.
Fundada em 1901 a
biblioteca ocupava desde 1965 o Palácio Wilhelm, construído no século XIX e
antiga residência do monarca de Wurttemberg,
Wilhelm II. Em 1999 foi realizado o concurso para o novo edifício, vencido pelo
coreanoEun Young Yi. As
obras foram iniciadas em 2008, sendo inaugurada a biblioteca em outubro de 2011
ao custo de 79 milhões de euros. A área
total construída é de 20.225 m2, tendo o
prédio capacidade para 500 mil volumes (1).
Fotos Luiz Antonio Lopes de Souza