por LUZANTONIS

Espaços que geram palavras...

Monday, May 28, 2012


A diva no cruzamento



Veja es fotos em:



Munique, estação de bondes Effnerplatz. Sobre este cruzamento, onde abaixo passa  a via expressa do anel rodoviário leste,  ergue-se Mae West , o novo marco na paisagem da cidade. Construída justamente com esta finalidade, a escultura confere identidade  a um cruzamento de tráfego importante, mas desprovido de qualquer interesse como espaço.

A artista americana Rita McBride, a vencedora de um concurso de ideias para o local, concebeu uma forma hiperbolóide,  composta de 32 tubos de aço carbono, que evocam as curvas de uma forma feminina, lembrando a cintura da  diva do cinema  que lhe empresta o nome.  A proposta de McBride foi criar um “vazio escultórico” que pode ser experimentado pelos transeuntes e os passageiros dos bondes que por baixo dos tubos circulam.

O publico assumirá  então o papel de ajudar a construir a identidade do lugar a partir da ação de "transitar" pela obra, uma experiência em que , como arquitetura, a obra de arte assume o espaço em que se instala e interage com o tempo da cidade em que se situa.

Vídeo da construção:


A estrutura em aço carbono:


Rita McBride:


A diva Mae West:


Tuesday, April 24, 2012


Surpresa no telhado


Veja as fotos em :


Viena, março de 2012. A estação Wien Mitte e o ponto de partida para o CAT (City Airport Train), uma linha de trens urbanos que liga o centro diretamente com o aeroporto. A região atualmente passa por transformações. Edifícios oriundos da segunda metade do século XIX já dividem o espaço urbano com edifícios contemporâneos, alguns deles já se impõem como marcos, como o edifício City Tower  (Ortner & Ortner arquitetos, 2003).

Na espera pelo próximo trem, um passeio pelas redondezas revela  a região sem muitos atrativos marcada pelo traçado da cidade antiga, com regularidade  dos edifícios de inspiração beaux-arts de até cinco pavimentos. A surpresa acontece  na Marxerstrasse, quando olhando para o alto em um destes edifícios se descobre um acréscimo de dois pavimentos sobre quase toda a  área do telhado.

Até aqui nada de especial. Acréscimos deste tipo são permitidos na legislação de várias cidades,  no intuito de se estimular a renovação de áreas degradadas, por exemplo. Este, entretanto, chama  a atenção pela relação que estabelece com o original sobre o qual foi construído.

Apesar de sua volumetria obviamente se destacar por materiais contemporâneos, esquadrias de alumínio e vidro  de diversos tamanhos e recortes e o revestimento metálico(?) cinza, a nova  parte procura um “diálogo” com seu antecessor histórico. Seu volume acompanha ( ma non troppo)  a superfície chanfrada da esquina e parece querer “coroar”  o movimento vertical visualizado no todo. A contradição  se dá quando se tem a ilusão de que ele parece se projetar para a rua, ultrapassando o limite  da fachada clássica logo abaixo. O efeito é obtido através do truque de eliminar a área do primeiro pavimento sobre o telhado e deixando em balanço parte do segundo.

Infelizmente não foram até agora encontradas na rede referências sobre  este projeto e seu o seus autores.

Architektur in Wien, blog sobre arquitetura contemporânea  em Viena:


CAT Wien:


City Tower Wien:

http://www.austria-architects.com/en/projects/detail_thickbox/31043/plang:en-gb?iframe=true&width=850&height=99

Wednesday, April 04, 2012


Viena Vermelha



Veja as fotos em:


Na região norte da cidade,  estação de Heiligenstadt é  a última da linha U4 do metrô. Saltando ali se vislumbra a alguns passos uma grande construção que  faz lembrar uma cidadela moderna. A muralha vermelha de mais de um quilômetro de extensão trata-se na verdade de um dos mais importantes  ( e imponentes) exemplares de arquitetura habitacional da primeira  metade do século XX: o conjunto Karl Marx (Karl-Marx-Hof).

Ao término da Primeira Guerra Mundial Viena havia perdido seu status do capital do império habsburgo que havia ostentado até a virada do século. A população havia crescido em uma cidade industrial e empobrecida, sem condições dignas de  moradia .  O  novo regime levou ao poder o partido-social democrata, que implantaria  um novo conceito de política habitacional, com a construção de diversos conjuntos ,  a primeira experiência em grande escala de construção de habitações coletivas . Viena se tornaria então o campo para interessantes exercícios neste âmbito, cada um  expressando conceitos próprios sobre esta arquitetura, que hoje constituem marcos históricos no espaço urbano :

Arquiteto Hubert Gessner: Reumann Hof ( 1924-28); Karl Seitz Hof (1926-17).

Arquitetos Heinrich Schmid e Hermann Aichinger : Raben Hof (1927-28).

Arquiteto Josef Hoffmann: Klosehof (1923-25); Anton-Hölz-Hof (1938-32)

Projetado pelo arquiteto Karl Ehn (1884 - 1957) o conjunto Karl Marx foi construído entre 1927 e 1930, contando com 1382 apartamentos de  1 e 2 quartos distribuídos em  6 pavimentos em um único bloco. O volume central é voltado para uma praça e os dois laterais desenvolvem-se em volta de uma enorme área interna (Hof).

Destacam-se na fachada os recortes na volumetria obtidos pelos volumes da sacadas, diferenciados nos pavimentos, e os grandes arcos que conectam as vias públicas frontais e posteriores ao conjunto. Os eixos dos arcos  são marcados por esguias esculturas, únicos elementos decorativos  na rígida configuração geométrica . As empenas funcionam como frontões monumentais no coroamento da cobertura e o jogo de cores amarela e vermelha completa o tom expressionista do conjunto  na intenção de afirmação como marco da política socialista da época. O Karl Marx seria utilizado como barricada no combate contra os nazifacistas durante os anos trinta.

Restaurado no início dos anos oitenta do século XX, suas formas prenunciam propostas pós-modernas de arquitetos como Michael Graves, Aldo Rossi e Mário Botta.  Esta influência pode  também ser percebida nos projetos de Rob e Leon Krier na IBA Berlin 1987.

Outros conjuntos da época 

Mais sobre o conjunto Karl Marx:


Sobre Karl Ehn:


Sobre a Viena Vermelha:


Reportagem no Youtube: