por LUZANTONIS

Espaços que geram palavras...

Wednesday, April 04, 2012


Viena Vermelha



Veja as fotos em:


Na região norte da cidade,  estação de Heiligenstadt é  a última da linha U4 do metrô. Saltando ali se vislumbra a alguns passos uma grande construção que  faz lembrar uma cidadela moderna. A muralha vermelha de mais de um quilômetro de extensão trata-se na verdade de um dos mais importantes  ( e imponentes) exemplares de arquitetura habitacional da primeira  metade do século XX: o conjunto Karl Marx (Karl-Marx-Hof).

Ao término da Primeira Guerra Mundial Viena havia perdido seu status do capital do império habsburgo que havia ostentado até a virada do século. A população havia crescido em uma cidade industrial e empobrecida, sem condições dignas de  moradia .  O  novo regime levou ao poder o partido-social democrata, que implantaria  um novo conceito de política habitacional, com a construção de diversos conjuntos ,  a primeira experiência em grande escala de construção de habitações coletivas . Viena se tornaria então o campo para interessantes exercícios neste âmbito, cada um  expressando conceitos próprios sobre esta arquitetura, que hoje constituem marcos históricos no espaço urbano :

Arquiteto Hubert Gessner: Reumann Hof ( 1924-28); Karl Seitz Hof (1926-17).

Arquitetos Heinrich Schmid e Hermann Aichinger : Raben Hof (1927-28).

Arquiteto Josef Hoffmann: Klosehof (1923-25); Anton-Hölz-Hof (1938-32)

Projetado pelo arquiteto Karl Ehn (1884 - 1957) o conjunto Karl Marx foi construído entre 1927 e 1930, contando com 1382 apartamentos de  1 e 2 quartos distribuídos em  6 pavimentos em um único bloco. O volume central é voltado para uma praça e os dois laterais desenvolvem-se em volta de uma enorme área interna (Hof).

Destacam-se na fachada os recortes na volumetria obtidos pelos volumes da sacadas, diferenciados nos pavimentos, e os grandes arcos que conectam as vias públicas frontais e posteriores ao conjunto. Os eixos dos arcos  são marcados por esguias esculturas, únicos elementos decorativos  na rígida configuração geométrica . As empenas funcionam como frontões monumentais no coroamento da cobertura e o jogo de cores amarela e vermelha completa o tom expressionista do conjunto  na intenção de afirmação como marco da política socialista da época. O Karl Marx seria utilizado como barricada no combate contra os nazifacistas durante os anos trinta.

Restaurado no início dos anos oitenta do século XX, suas formas prenunciam propostas pós-modernas de arquitetos como Michael Graves, Aldo Rossi e Mário Botta.  Esta influência pode  também ser percebida nos projetos de Rob e Leon Krier na IBA Berlin 1987.

Outros conjuntos da época 

Mais sobre o conjunto Karl Marx:


Sobre Karl Ehn:


Sobre a Viena Vermelha:


Reportagem no Youtube:

1 comment:

Gustavo Rocha-Peixoto said...

Boas fotos, Luiz Antonio. É muito notável como essa Viena Vermelha informou as criações de Rob e Leon Krier. Basta ver a Neubau de 1987 em Berlim. Mas não só. Os tons de vermelho, a paginação das janelas. os arcos com chaves esculpidas, os pátios internos. Em toda a arquitetura dos Krier se lê o dna de Ehn.
Gustavo Rocha-Peixoto