por LUZANTONIS

Espaços que geram palavras...

Wednesday, August 24, 2011

A torre na neve



Veja as fotos em: https://picasaweb.google.com/luzantonis/TorreEinstein?authkey=Gv1sRgCPvKjbqm68vDJg#


Potsdam, fevereiro de 2010. Naquela manha havia tomado o trem cedo em Savignyplatz, estação pertinho do Hotel Cortina em Berlim. O meu plano era voltar a Potsdam para tentar conhecer um dos edifícios decisivos para a história da arquitetura moderna. Após mais ou menos uma hora desci na simpática estação da cidade, transformada em shopping, como a maioria das estações de trem na Alemanha hoje. Como só dispunha de algumas informações em guias de arquitetura, tive que me dirigir ao balcão de informações. Para minha surpresa, meu destino não ficava muito longe, dava para ir a pé.

Após alguns minutos cheguei à entrada no Instituto de Astrofísica de Potsdam, a instituição ocupa diversos prédios em um parque que se espalha por uma grande colina. Absolutamente ninguém pelo caminho nevado. Não: apenas o guarda na guarita, que nem se mexeu com a minha chegada. Perguntei se a Torre Einstein ficava naquela direção. Estava no caminho certo, mas nem precisava. Os edifícios dos laboratórios e observatórios são muito interessantes, todos do século XIX, com aquele ar científico-romântico, em tijolos aparentes e uma discreta ornamentação orientalizante. Veio-me na hora a imagem da Fiocruz.

Já estava caminha do há quase uma hora quando enfim pude ver a torre, lá no fundo da colina, solitária no meio da floresta nevada. O arquiteto Erich Mendelsohn a projetou para o próprio Albert Einstein, que lhe conferiu um título que ficaria para nomenclatura da história da arquitetura: “orgânica”. Concluída em 1922 ( regula com a Semana de Arte Moderna em São Paulo), sua forma ondulante e energética nos informa imediatamente da sua missão como arquitetura: observar o sol. Observando suas reentrâncias de volumes e formas das aberturas, me pergunto até que ponto o edifício tem um pé no Judendstil, apesar de sua classificação como “arquitetura expressionista”. Mas o que conta é que, construída no início do século XX a torre é detentora de uma das características estéticas mais caras: a atemporalidade.

Sobre Erich Mendelsohn:

http://www.infopedia.pt/$erich-mendelsohn

Instituto de astrofísica de Potsdam:

http://www.aip.de/en?set_language=en


Thursday, July 28, 2011

Mochilas dissidentes




Veja as fotos em:

https://picasaweb.google.com/luzantonis/AiWeiwei?authkey=Gv1sRgCM6XhcDditnfXw#


Munique, fevereiro de 2010. Na fachada centro cultural Haus der Kunst, 9 mil mochilas coloridas. Com o título “Remembering”, a instalação fez parte da exposição “ So sorry” do chinês Ai Weiwei, o mais proeminente artista chinês da atualidade. A obra evocou as vítimas do terremoto ocorrido na província de Sichuan em 2008. A inscrição em mandarim “ela viveu feliz nesta terra por sete anos” foi a frase dita pela mãe uma das milhares de crianças mortas na tragédia. A investigação do artista expos o efeito da corrupção no desmoronamento de escolas que levaram morte de mais de 5 mil crianças. Segundo seus colaboradores, por sua ação o dissidente Weiwei teria sido surrado pela polícia chinesa, o que lhe causou um derrame cerebral. O artista foi operado no hospital Klinikum Großhadern de Munique, tendo sido o evento amplamente coberto pela mídia.

Convidado para o cargo de professor residente na Universidade de Berlim, Ai Weiwei foi recentemente libertado após meses preso em seu país sob uma suposta  acusação de sonegação de impostos. O fato foi alvo protestos da comunidade artística internacional.

Ainda em 2010 o artista expos no Turbine Hall da galeria Tate Modern em Londre “ Sunflower seeds”: 100 milhões de sementes de girassol de porcelana pintadas uma a uma por artesãos chineses. O trabalho levou cerca de dois anos para ser produzido.

Videos de “Remembering”:

http://www.youtube.com/watch?v=b1NZOtFWZD8

http://www.youtube.com/watch?v=iYFlItlRfKs

Haus der Kunst de Munique:

http://www.hausderkunst.de/

Video “Sunflower seeds” (imperdível):

http://www.youtube.com/watch?v=PueYywpkJW8

Wednesday, July 20, 2011

Kinocidade



Veja as fotos em : https://picasaweb.google.com/luzantonis/KINOCIDADE?authkey=Gv1sRgCOiwwv6x9pC3jQE#



Berlim, fevereiro de 2010. As luzes da moderna Potsdamer Platz iluminam o Festival de Cinema. A cidade renovada da era pós-reunificação pretende confirmar-se como metrópole cultural de envergadura mundial. O evento de mídia se faz visível através de retratos dos astros de cinema homenageados (obras do fototógrafo Gerhard Kassner ) impressos em outdoors espalhados pela cidade. São apenas imagens, sem nenhum texto, o close-up do artista que nos encara sedutoramente através da câmera publicitária.

Observo os outdoors inseridos no caos urbano. As imagens revelam uma nova dimensão de fuga da cidade, em um fuga(z) instante de sonho através daqueles olhares que silenciosamente contracenam com o tempo da cidade.

(fica aqui o convite para a brincadeira de identificar as celebridades retratadas)


Mais de Posdamer Platz em:

http://www.potsdamerplatz.de/en.html

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.071/365

Mais do Festival de Berlim em:

http://www.berlinale.de/en/HomePage.html

As fotos de Gerhard Kassner :

http://www.berlinale.de/en/visuals/starportraits_visuals/Starportraits.php

Monday, June 06, 2011

A trama na muralha




Veja o álbum com mais fotos em:

https://picasaweb.google.com/luzantonis/SalvatorGarage?authkey=Gv1sRgCNajyL_kpoyVLw&feat=email#


Na parte central de Munique, bem próximo à Odeonsplatz e ao palácio Residenz, preserva-se discretamente entre prédios de empresas e repartições públicas um dos últimos testemunhos das muralhas da cidade. Neste local existia a antiga Jungfernturm (torre da virgem) , erguida em 1493 e demolida em 1804.

Nos anos sessenta do século XX foi ali construído um edifício para vagas de estacionamento, a Salvator Garage, assim denominada pela proximidade com a Igreja do Salvador logo em frente. O arquiteto Franz Hart incorporou da velha muralha contígua o ritmo dos tijolos maciços, em uma composição sóbria, marcada pelo ritmo das esguias aberturas na superfície da fachada, conferindo ao prédio um ar de fortaleza espremida entre as estreitas ruas circundantes.

Em 2006 o acréscimo de dois pavimentos projetado por Peter Haimerl coroou o conjunto com uma nova identidade. Trata-se de uma trama metálica gerada por computador a partir das proporções do edifício original. Ela circunda todo o edifício, abrigando o pátio do pavimento superior de onde se experimenta uma bela vista da cidade.

O evidente contraste do novo elemento com a massa de tijolos provoca um diálogo contraditório entre as partes. A trama funciona como uma espécie de “coroa de espinhos” sobre a muralha logo abaixo e chama a atenção para o significado de sua sobrevivência, lembrada como patrimônio e, esquecida como parede de uma garagem, ao mesmo tempo perdida no meio da cidade moderna.

O projeto recebeu em 2008 o prêmio “Denkmalschutz und Neues Bauen” ( Preservação do Patrimônio e Novas Construções ) da cidade de Munique.

Salvator Garage, imagens e resenhas na web:

http://www.flickr.com/photos/gerowortmann/959820659/in/photostream/

http://architecture.mapolismagazin.com/content/parking-style-–-salvator-parking-garage

Página de Peter Haimerl:

http://www.urbnet.de/

http://www.urbnet.de/images/salvatorgarage.pdf

Sunday, May 29, 2011

Um intervalo em Munique

Veja mais fotos no álbum em :

https://picasaweb.google.com/luzantonis/Harras?authkey=Gv1sRgCMuCiMHA5KODeg#




Em Munique, o Harras não pode ser propriamente chamado de uma praça. É o espaço de entroncamento de ruas entre as zonas sul, oeste e o centro da cidade. Diversas linhas de ônibus têm ali o seu ponto final, precisamente integradas com a estação de metrô logo abaixo (linha U6) e as linhas de trens suburbanos. Em volta, pequenos edifícios comerciais, o supermercado Edeka, o Macdonald’s, uma agencia dos correios. Um lugar de passagem , rápido intervalo na tessitura urbana.

No curto tempo ente o metrô e o próximo ônibus observo as fachadas dos edifícios em volta do Harras. Conservam-se ali algumas dos tempos em que o local ainda era uma estação de bondes , hoje substituídos pelos ônibus. Sua discreta decoração expressa uma sintonia com o Art Nouveu, seja através de delicados relevos com formas vegetais, ou até mesmo de uma quimera ( um dragão?). Esta certamente faz menção ao Atelier Elvira, marco do Jugendstil alemão na cidade, destruído na 2ª Grande Guerra. Também podem ser vistos motivos de uma típica identidade bávara: as risonhas moças acima dos beirais das janelas.

Um vídeo no Harras:

http://wn.com/Abendliche_Hektik_am_Harras_M%C3%BCnchen

Sobre o Atelier Elvira:

http://www.johncoulthart.com/feuilleton/2008/04/05/atelier-elvira/

http://en.wikipedia.org/wiki/Hofatelier_Elvira

http://www.bildindex.de/?+pgesamt:%27Atelier%27%20+pgesamt:%27Elvira%27#0

Jugendstil:

http://en.wikipedia.org/wiki/Art_Nouveau


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Saturday, May 21, 2011

A catedral intangível




Veja o álbum com mais fotos em :

https://picasaweb.google.com/luzantonis/ACatedralIntangivel?authkey=Gv1sRgCNSN1MPq2OTKDg#


Colônia, fevereiro de 2011. Fotografar a Catedral munido de uma Canon Powershot é um desafio que pode tornar-se frustrante quando vislumbramos a imensidão deste monumento. Mas esta deve ser uma tarefa difícil para qualquer fotógrafo, mesma com uma câmera cheia de recursos. Percebo então as “modestas” dimensões da cidade diante da escala desta montanha gótica. A linha vertical almeja aqui o infinito, assumindo o verdadeiro sentido da elevação religiosa.

Afasto-me mais e mais, na tentativa de enquadrar por completo o edifício. Observo que as ruas ao seu redor são caminhos um tanto apertados para uma cidade alemã, o que no fim de inverno reforça a sensação de melancolia. Onde está o sol? Volto-me e vejo que ele faz falta sobre a massa escura de pedra dos campanários.

Retorno e passeio em volta do edifício, praça/esplanada é o espaço para apresentações de rua e obviamente muitos, muitos turistas. Próximos estão o Museu Ludwig, a Sala Filarmônica e o Museu Romano. Me lembro da história da construção, interrompida no século XVI e retomada com a vinda das “relíquias dos reis magos”( o relicário encontra-se hoje exposto no subsolo com os tesouros da igreja). As obras de completamento e iriam tornar-se a maior ação de patrimônio do século XIX e foram concluídas 1880. O edifício conseguiu resistir à destruição da Segunda Guerra Mundial. Observo ainda através das imensas janelas do subsolo o ateliê de conservação da arquitetura, em uma escala proporcional à dimensão do monumento.

Caminho então pelo interior do templo, um espaço verdadeiramente público, praticamente uma extensão da esplanada entre a estação de trem e o metrô. Aqui o tempo da cidade também não para. A luz dos vitrais é o silêncio. Dentre eles me chama a atenção aquele de uma janela no transepto, tão simples em sua geometria (apenas um quadriculado colorido) que se torna uma ousadia no espaço sagrado. Mais tarde iria descobrir pelo Gerard que se trata de uma obra de Gerhard Richter,  ofercido por doação, e que causou certa polêmica na época de sua execução. O vitral foi duramente criticado pelo arcebispo Joachim Kardinal Meisner, que  o considerou mais adequado para uma mesquita do que para uma catedral.

Página da Catedral de Colônia:

http://www.koelner-dom.de/

Página de Gehard Richter:

http://www.gerhard-richter.com/

Saturday, May 14, 2011

Ruínas e arte em Colônia



Veja o álbum com mais  fotos em

https://picasaweb.google.com/luzantonis/KolumbaMuseum?authkey=Gv1sRgCIzCtJL03OGfbg&feat=email#



O Museu Kolumba é uma interessante combinação de arquitetura, Patrimônio e artes plásticas. Localizado no centro histórico de Colônia, o edifício projetado pelo arquiteto suíço Peter Zumthor foi construído e de 2003 a 2007 sobre as ruínas da igreja românica de Santa Kolumba , destruída durante a Segunda Guerra Mundial. Zumthor foi agraciado em 2009 com o Prêmio Pritzker de arquitetura. O museu abriga a preciosa coleção de artes plásticas da Arquidiocese da cidade.
No nível térreo percorremos as escavações da igreja deixadas à mostra sobre uma extensa passarela de madeira. Delgados pilotis de concreto proporcionam cobertura à ruínas, dramaticamente iluminadas e protegidas do exterior por paredes de alvenaria vazada por cobogós. Eles nos trazem o frio intenso de fevereiro e com ele o silencio de um passado ainda presente nos restos arquitetônicos do templo.
Subimos uma estreita e longa escadaria ao encontro de sua arquitetura neutra, mas com personalidade bastante para definir espaços claros,que possibilitam um contato com as obras de arte em um verdadeiro ato de meditação.
Quando percorremos as salas propositalmente vazias, a cor bege claro argamassada se funde em todos os planos - parede teto e piso. O contraste se dá apenas entra as peças da coleção do museu diocesano, estrategicamente posicionadas ( e contrapostas). Deparamos-nos, por exemplo, com uma pequena pintura a óleo do início do século XIX frente a frente com uma escultura moderna em concreto na parede oposta. Entre as duas obras apenas o vasto espaço iluminado por grandes planos de vidro e aço. A arquitetura passa a fluir como o elemento catalisador do contraste entre as obras , que vão desde retábulos barrocos a instalações contemporâneas. Os altura do pé-direito muda nos diversos ambientes, contribuindo para o processo de apreciação das obras de arte.
Externamente a construção se expressa através de planos e volumes sóbrios, marcados pela leve textura dos cobogós, valorizando e também permitindo apreciar do lado de fora excertos das ruínas históricas incorporados à sua superfície.


Mais sobre museu em:




Sobre Peter Zumthor:







Wednesday, March 02, 2011

O Porto

Igrejas tatuadas VI

 
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O Porto

Igrejas tatuadas V

 
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O Porto

Igrejas tatuadas IV

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O Porto

Igrejas tatuadas III

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O Porto

Igrejas tatuadas II



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O Porto

Igrejas tatuadas I

Dentre as inumeras impressoes de uma caminhada pela cidade antiga, fica ressaltada a personalidade de suas igrejas. O barroco ilustrado da azulejaria portuguesa, que traz para a fachada a narracao do rito. A fachada se faz entao de pele onde se ira tatuar para a eternidade a trajetoria da cidade.
Munique, 02.II.2011


Tuesday, April 14, 2009

Notas de Viena III

Esquina Moderna












Este é o um exemplar da fase da fase final da obra de Otto Wagner (1910). Trata-se de um de um edifício eminentemente residencial (apartamentos com lojas no andar térreo), onde o arquiteto pode exercitar o novo conceito de moradia na cidade moderna: a casa transplantada para o modelo de prédio de escritórios.

Aqui se destaca a simplicidade nas linhas da fachada: praticamente nenhuma diferenciação nas esquadrias entre os andares; a decoração expressa apenas no grafismo geométrico dos ladrilhos pretos sobre a superfície branca , mais intenso no pavimento térreo, tão diversa da fase anterior, enamorada do Sezession vienense. Uma empena cega na esquina com a Doblergasse é coroada com a enorme inscrição do endereço , Neustiftgasse 40 , como se, mais que o edifício, o lugar devesse marcar esta nova proposta arquitetônica.

Subindo a rua obervo que o edifício tem uma espécie de continuação, expressa na afinidade coma fachada . Agora apenas os ladrilhos passaram a ser azuis. Portas e gradis com aparfusamentos na superfície prateada, lembrando a linguagem meânicoindutrial que Wagner já havia exercitado no edifício bancário da Ostpostsparrkasse . Me surprrendo então com uma placa em granito onde está escrito: Nesta casa viveu, trabalhou e morreu o grande artista OTTO WAGNER 1912 -1918.

Mais tarde descubro que no primeiro andar ali também funcionou de 1912 a 1932 o Wienerwerkstaatte, o grande atelier de design onde trabalharam, entre outros, Gustav Klimt, Josef Hoffmann e Koloman Moser.

Tuesday, March 31, 2009

Notas de Viena II


GAVETEIROS VERDES











Em um terreno bem atrás do complexo do Gasômetro encontra-se me fase de conclusão um condominínio residencial . O “Wohnpark Ville Verdi” é constituído por cinco prédios de uns oito andares cada . O que chama a atenção é a volumetria, que cria a ilusão de inclinação dos volumes , todos em verde com esquadrias pretas , subvertendo externamente o eixo vertical.


A parte frontal das fachadas é marcada por balcões de diversos tamanhos, lhes conferindo um movimento que lembra “gavetas “ que foram puxadas dos volumes .


A placa do empreendimento anuncia unidades de 1 a 3 quartos de 60 a 130 m2, com opção de terraço, balcão ou varanda(?) e ainda apartamentos para portadores de necessidades especiais.
Tentei achar informações sobre o projeto no site da construtora, que oferece diversos lançamentos, mas não encontrei. Já deve estar tudo vendido...

Monday, March 30, 2009

Notas de Viena I


GASÔMETRO













Sexta-feira de Carnaval. No ônibus do trajeto entre o aeroporto de Viena e estação Südbanhof revejo ao longe aquele intrigante aglomerado de torres ecléticas. Algo do século 19, gigantescos tambores de tijolo maciço, arquitetura neo-medieval . A primeira delas é coberta por uma pele de vidro constrangedoramente inclinada, que parece relutantemente nela querer se apoiar. A distância é grande da rodovia. No anel de entrada na cidade percebo que a pele de vidro é na realidade um prédio uns vinte andares que ousadamente apropria-se de um daqueles tambores seculares .

No folder guia de arquitetura de Viena (gratuito no lobby do hotel, com informações de arquitetura desde neoclássica até contemporânea), confirmo de que trata-se do conjunto do Gasômetro. A exposição de fotos do Wien Museum mostra que trata-se do complexo industrial que fornecia o gás para a iluminação pública da cidade, desativado ao longo do século 20. A revitalização veio de 1996 a 2001 , quando cada uma das torres foi objeto intervenções com projetos de Jean Nouvel (torre A), Coop Himmelb(l)au (torre B, a da pele de vidro), Manfred Wehdorn ( torre C), Wilhelm Holzbauer (torre D) , transformadas em habitação e escritórios, e interligadas por um shopping que ainda leva um Megaplex (projeto de Rüdiger Lainer). A torre D também abriga o arquivo da cidade de Viena.

Segunda –feira. De Stephansplatz–City pode–se viajar com o metrô U3, sentido Simmering , e saltar na estação... Gasometer, e se está na entrada do shopping. É a única coisa que da realmente pra se percorrer internamente até o Megaplex. Arquitetura sem nenhuma surpresa, melanólica até. Caminhando no frio de menos 3 graus em volta dá pra perceber a interessante conexão de concreto da parte de trás da pele de vidro com a torre B, a única ousadia arquitetônica de todo o complexo, que discretamente opta pela preservação da identidade tardoindustrial das fachadas das demais torres.

Uma descoberta intrigante é o condomínio residencial em fase de conclusão ao lado, que comprova a tentativa de continuidade do processo de revitalização da área. Ma isso fica para o próximo Post.

Mas informações e imagens em http://www.wiener-gasometer.at/

Friday, February 27, 2004

Desde ontem a Avenida Rio branco adquiriu uma nova ( ou será que recuperou a antiga?) dimensão. O incêndio desde a madrugada no prédio da Eletrobrás provocou a sua interdição da Av. Presidente Vargas até praticamente a Cinelândia. A hora do almoço transformou a antiga Avenida central em passarela de footing para curiosos, vendedores e caminhantes pós-almoço na apreciação do espetáculo pirotécnico em pleno meio dia, com direito a helicópteros e escada magiros. O terraço da hotel do outro lado da Presidente Vargas transformou-se em camarote. O restaurante de lá deve ter batido recordes de público.

Mas a avenida Rio Branco, ja´quase centenária, demonstrou como ficaria elegante se fosse definitivamente fechada ao tráfego de veículos.

Utopia.